4. A informação e a pilotagem das organizações


Partindo de uma concepção sistémica das organizações, as duas últimas décadas assistiram ao crescimento da importância de uma nova dimensão do problema: a informação. A partir de Novembro de 1978, Jean-Louis Le Moigne publicou na revista Informatique et Gestion a sua Teoria do Sistema de Informação Organizacional, tomando por ponto de partida que existe um sistema de informação inerente a cada organização social. Trata-se de um sistema, a adicionar aos restantes subsistemas identificados anteriormente, e que influencia a organização como um todo, pois é ele que fornece a informação na qual se baseia a tomada de decisão e o controlo das organizações.

A informação foi definida por Jean Louis Le Moigne como um "objecto formatado, criado artificialmente pelo homem, tendo por finalidade representar um tipo de acontecimento identificável por ele no mundo real". É assim inerente à observação da realidade por qualquer indivíduo-observador e pode ser criada, memorizada, tratada e transmitida. Existindo a informação desde sempre, as novas tecnologias de informação têm permitido que estas operações se processem de forma mais rápida e eficiente.

Quando a incerteza da turbulência é a principal dificuldade, é natural que o elemento que a pode reduzir ganhe relevância. É assim que a informação pode ser hoje considerada um recurso estratégico de primeira importância. Mas as suas características são muito especiais, porque "se consome sem se gastar, se gasta sem se consumir e é abundante por natureza".

Este conjunto de constatações, associadas ao já referido aumento da eficiência das tecnologias de tratamento automático da informação e do volume de informação a considerar, conduziu à ascensão de uma nova disciplina dentro da Teoria da Gestão: a Gestão da Informação. Gerir a informação dentro de uma organização é, simultaneamente, lidar com os fluxos de dados e os padrões para a sua interpretação, bem como com os comportamentos, atitudes e decisões que estes podem induzir.

Esta nova perspectiva abriu caminho para algumas evoluções conceptuais de muito interesse para lidar com a nova realidade emergente. Uma das mais importantes talvez seja a progressiva adopção do termo pilotar, em detrimento do termo gerir. O que está subjacente a esta mudança semântica é a noção de que o decisor é um piloto, que procura manter o equilíbrio do sistema Organização, enquanto este 'navega' no macro-sistema que o envolve. É uma metáfora particularmente feliz e que se adequa perfeitamente às ideias que se expõem no final deste trabalho.

Gerir a informação engloba a "captação, tratamento e transmissão dos dados necessários ao funcionamento da empresa" bem como "a definição dos conteúdos e do sistema de memorização e acesso à informação disponível". Inerente a esta tarefa está a criação voluntária de um Sistema de Informação Organizacional, uma representação do real para apoio à tomada de decisão e ao controlo, cuja referência é a organização no seu todo e que resulta da execução de um conjunto organizado de procedimentos. É este sistema que faz emergir aquilo a que se chama "organização virtual", através da qual se postula ser possível pilotar a organização real.

O Sistema de Informação Organizacional pode-se dividir em três subsistemas de informação, o Funcional, o Orgânico e o Genético. O primeiro representa a informação relevante para o relacionamento dinâmico da organização com o seu meio envolvente, o segundo a informação originada no interior da própria organização e o terceiro a trajectória da organização no tempo.

Estes conceitos desenvolvidos no seio da Gestão da Informação constituem mais um passo de adaptação da Teoria da Gestão à realidade empresarial e constituem a base ideal, sobre a qual será possível considerar os recentes desenvolvimentos da abordagem científica da complexidade e da turbulência.