2. As teorias humanistas da gestão


Foi a partir da década de 30 que surgiu a reacção inevitável às teorias que dominavam então a gestão, centradas nas tarefas e na estrutura. O centro das preocupações deste novo grupo de construtores da teoria da gestão era a componente humana das organizações, as pessoas, recorrendo à Psicologia e à Sociologia Industrial.

A primeira pedra para a construção deste novo movimento foi o estudo realizado entre 1927 e 1932 na fábrica de Hawthorne da Western Electric Company. Esta pesquisa, coordenada por Elton Mayo (1880-1949), pretendia medir a influência da iluminação na produtividade dos trabalhadores. Surpreendentemente, apesar do rigor metodológico, não conseguiu estabelecer uma relação directa entre a intensidade da iluminação e a produtividade dos trabalhadores. Observou-se mesmo nessa experiência que, quando se reduziu a iluminação, a produtividade não só não sofreu uma quebra como aumentou, sugerindo claramente a existência de outros factores, de natureza social, que determinam a produtividade. Neste caso, pode-se indicar, por exemplo, a motivação adicional resultante de uma equipa externa estar a avaliar o desempenho da fábrica.

Na sequência deste estudo, surgiu a Escola das Relações Humanas, que defendia a importância da organização informal, da motivação, das necessidades humanas, da dinâmica de grupo, da comunicação e da liderança como determinantes para o desempenho organizacional. Assumindo-se como clara reacção às ideias de Taylor, Fayol ou Weber, negou os conceitos que estes consideraram mais importantes (como a organização formal, a autoridade, a responsabilidade, a hierarquia ou a unidade de comando), substituindo o homo economicus que estes viam nas suas organizações por um novo homo social, para o qual os incentivos sociais e simbólicos eram mais importantes que as recompensas salariais.

Esta primeira abordagem humanista pecou pelo excesso e isso reflectiu-se na sua credibilidade e prestígio. Apesar de introduzir novos conceitos fundamentais, e que continuam a ser determinantes, os excessos de sinal contrário levaram estes primeiros teóricos humanistas a conceber com demasiada ingenuidade o seu homo social. Por outro lado, as soluções que acabaram por ser adoptadas, como a introdução de períodos de lazer, intervalos no trabalho e refeições no restaurante da fábrica, consistiam na valorização de actividades extra-laborais, não actuando sobre as causas da alienação e insatisfação dos trabalhadores. Era como se reconhecessem a fatalidade de o trabalho ser um sacrifício que devia ser compensado por actividades paralelas.

A segunda corrente humanista foi a Escola do Comportamento Organizacional. Surgiu com um livro de Herbert Simons, editado em 1947, e contou com a participação de figuras marcantes como Mc Gregor, Maslow ou Herzberg. O aspecto valorizado por esta nova escola humanista foi o processo de tomada de decisão, vital para o sucesso de qualquer organização. Considerando devidamente a dimensão humana da organização, isto levou ao desenvolvimento do estudo da liderança, para conduzir as motivações e tornar compatíveis os interesses da organização e do indivíduo.

A Escola do Comportamento Organizacional concebe as organizações como sistemas de decisões, onde se observam cadeias de percepção, sensação, decisão e acção, que determinam os seus comportamentos face às diversas situações.

Depois destes contributos, estavam criadas as condições para que uma terceira corrente emergisse, considerando as duas anteriores e adicionando um elemento fundamental que estava a ser ignorado: o ambiente no qual a organização se insere.